A educação na primeira infância ganhou grande importância nos últimos anos. As primeiras fases da infância hoje são vistas como a primeira pedra fundamental do indivíduo. Nesse contexto, é especialmente discutido como os conteúdos e a abordagem das ciências naturais podem ser introduzidos na formação pré-escolar. Por muito tempo essas áreas tiveram lugar unicamente na escola.
As crianças fazem numerosas observações, e discutem-nas entre si e com os educadores. Para ir além dessa primeira troca espontânea, é fundamentalmente importante para o processo de aprendizado que as experiências vividas sejam incorporadas à consciência. Por essa razão a documentação dos resultados tem papel importante, e facilita para os pequenos a discussão dos resultados: qual foi a pergunta de partida? Ela foi esclarecida? Quais hipóteses originais estavam corretas, e quais tiveram de ser revistas? Houve perguntas que ficaram em aberto, ou surgiram novas? O resultado de um experimento sempre nos dá uma resposta – mas nem sempre a que esperávamos. Mas mesmo nesse caso o experimento está longe de ter fracassado, ou de ter tido um resultado “errado”. Ele nos conduz a novas perguntas: “o que pode estar por trás disso? O que aconteceu?” E as crianças podem se aprofundar nessas questões fazendo mais experimentos.
O conhecimento não pode ser simplesmente transferido de uma pessoa para outra. Quem aprende e adquire saber desempenha uma ação individualizada – constrói o seu próprio conhecimento. Ao mesmo tempo, o aprendizado também é sempre um processo social, que ocorre em conjunto com outros indivíduos.
Essa mediação feita através do educador eleva o nível das aprendizagens comprovadamente, desvinculamos-nos então da ideia do professor empirista descrito por Becker (2008):
Penso que o professor age assim
porque ele acredita que o conhecimento
pode ser transmitido para o aluno. Ele
acredita no mito da transmissão do
conhecimento enquanto forma ou
estrutura; não só enquanto conteúdo.
As crianças aprendem com a troca com o que as cerca, com a cooperação com adultos e com outras crianças e com a reflexão comum, por exemplo – mas também por meio de um ambiente estimulante e da descoberta individual. Em princípio, os processos de aprendizado devem ser moldados em conjunto por crianças e educadores o máximo possível, de forma que as crianças possam se envolver ativamente. O desafio reside em buscar cada criança, com seu status atual de conhecimento e experiência, onde ela se encontra. Esse é um pré-requisito importante para um processo de aprendizado bem-sucedido. As crianças devem sentir que as explicações e comentários são levados a sério. Para educadores como nós, isso quer dizer interiorizar e aceitar a visão de que a criança é formadora ativa do conhecimento e da cultura. Isso novamente exige grande disposição para o diálogo e a comunicação e uma postura reflexiva e questionadora (também perante os próprios processos de aprendizado), assim como coragem para incorporar perguntas abertas próprias ao processo.
Referências:
BECKER, Fernando. Epistemologia subjacente ao trabalho docente. Porto Alegre: FACED/UFRGS, 1992. 387p. (Apoio INEP/CNPQ). (No prelo: VOZES). (Relatório de pesquisa).
STREMMEL, A. J.; FU, V. R. Teaching in the zone of proximal development: implications for responsive teaching practice. Child and Youth Care Forum 1993, 22, p. 337-350.
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ResponderExcluirOlá, Fabiana. Aqui você aborda dois tipos de práticas pedagógicas; uma delas é embasada no empirismo. Qual epistemologia dá conta do outro modelo de ensino que é contrária ao empirismo e que alicerça o título desse post? Resumidamente, escreva sobre seus pressupostos.
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